Met Gala 2023: Homenagem ou crítica ?

4 de mai. de 20235 min de leitura

Blog de opinião por: Lara Eliza

Aconteceu na última segunda- feira o famoso Met Gala, seguindo a tradição de se realizar na primeira segunda de maio desde o ano de 1971. Formalmente nomeado como Costume Institute Gala ou Costume Institute Benedito, o Met Gala reúne inúmeros famosos que marcam a moda com os looks diversos e escolhidos a partir de um tema pré-estabelecido e com o intuito de angariação de fundos para o Metropolitan Museum of ART em Nova Iorque.

Este ano, o tema do baile foi Karl Lagerfeld: A Line of Beauty, em homenagem ao designer de moda alemão que faleceu em 2019, aos 86 anos. Ao longo da carreira, Karl Lagerfeld atuou como diretor criativo da Chanel e também da Fendi, dinamizando as marcas e manifestando nela, seus interesses e desgostos. Karl Lagerfeld foi um designer muito polêmico e controverso, apesar da grande contribuição para a moda mundial, o mesmo recebeu inúmeras críticas que o acusavam de xenofobia, misoginia, racismo, machismo e gordofobia.

O designer foi publicamente contra o movimento #MeToo e afirmou que "Você tem mães gordas com seus sacos de batatas fritas sentadas na frente da televisão e dizendo que modelos magras são feias (...) O mundo das roupas bonitas é sobre 'sonhos e ilusões". Karl detestava a cor rosa e adorava preto e branco, utilizando em sua maioria tais cores combinadas a diferentes tecidos para criar peças marcantes. Devido ao interesse do designer pelas cores preto e branco, essas cores marcaram o tapete do Met Gala de 2023 e aqui, alguns deles que tem grande significado não só para o baile, mas para o mundo da moda. Por isso, apesar de muitos artistas e celebridades buscarem formas de o homenagear, outros buscaram formas de aparecer no baile sem de fato homenagear o design e na verdade, criticar.

Sem sombras de dúvidas, a marca de maior destaque da noite foi a Chanel, grife em que Karl atuou por longos anos como diretor criativo. Por isso, elementos de marca registrada como peças em preto e/ou branco, delicadas e recheadas de pérolas tomaram conta do tapete.

A EGHOT Viola Davis, acompanhada de Julius Tennon vestia um Valentino pink, recheado de plumas. Apesar de ser um vestido de grife, o vestido não trazia consigo o peso do Met Gala e não tinha nenhum aspecto marcante ou relevante para a moda. Entretanto, internautas especulam que o vestido rosa é nada mais, nada menos que uma crítica a quem era Karl Lagerfeld e tal qual seus posicionamentos e a escolha da cor, foi justamente porque era a cor que o design odiava.

Pedro Pascal e Kylie Jenner foram um grande destaque para a noite, devido a cor que usaram: Vermelho. O astro de “The Last of Us” apostou em um look ousado Valentino composto por uma camisa vermelha, gravata preta, overcoat vermelho e bermuda preta, deixando as pernas à mostra. Nos pés, o ator calçou um coturno e meias pretas. O look apesar de carregar consigo poucas informações, dinamizou a imagem do ator e afirmou que não há idade para a moda. Já Kylie Jenner, inovou completamente, roubando os holofotes com um vestido vermelho, super sexy, acompanhado por capa de tom lilás. O look assinado por Haider Ackermann para a grife Jean Paul Gaultier foi completamente diferente de tudo o que Kylie já usou, não só pela silhueta marcante e simplista, mas também pela cor extremamente brilhante.

Conforme a hashtag #metgala ganhava proporções gigantescas nas redes sociais, a modelo Anok Yai recebia inúmeras menções a seu vestido de detalhes metálicos e silhueta improvável e se tornou digno de atenção e grandiosos burburinhos. O vestido assinado pelo nova iorquino Prabal Gurung foi uma jogada arriscada, no entanto, assertiva. O contraste de cores branco e dourado metálico com a cor da pele da modelo foi hipnotizante e lindo de se ver.

A brasileira Giselle Bündchen atraiu inúmeros olhares ao utilizar o vestido de 2007 que a mesma usou no editorial da Harper 's Bazaar Korea. A peça de alta costura foi uma das peças do desfile Chanel SS em 2007 no fim da coleção. De fato, o look traz consigo um “Q” de homenagem a Karl, não só pelas cores e silhuetas aprovadas pelo designer mas também por remeter a vida de Karl enquanto diretor criativo da Chanel.

A cantora Dua Lipa, uma das Co-chairs da noite, apostou em um look da Chanel FW de 1992. O vestido branco, inicialmente idealizado como um vestido de casamento, apresenta uma modelagem e tecido muito similares à estética da princesa Diana. E em total contraposição, Billie Elish apareceu no tapete do Met Gala com um vestido, de personalidade forte, de ninguém menos que Simone Rocha, recheado de pérolas, marca registrada da Chanel. A cantora trouxe um “Q” de drama, peso e revolta, desfazendo ideias de mulher singela, doce e submissa. Além da peça de grande personalidade, Billie usava luvas e salto pretos, acompanhado de uma trança e maquiagem escuras e sombria.

A estrela da série Wandinha, Jenna Ortega, apostou em um look típico da sua personalidade após o sucesso da série: Poético e dramático. Apesar de não trazer nada de novo, a peça condensou duas tendências do outono/inverno 2023 das passarelas ao utilizar um corset sobreposto à camisa e o laço, com um hit desta edição do evento: a clássica combinação de preto e branco. A peça de grande personalidade, poderia facilmente ser utilizada pela personagem Wandinha Adams e talvez por isso, a escolha não tenha sido tão inovadora. Vale destacar que a atriz carrega consigo uma simpatia e efeito de grande peso. Há outro look que combine tanto com ela ?

Por fim, a mais aguardada noite, Rihanna, se atrasou e não passou pelo tapete vermelho conforme os demais artistas. Ao sair do hotel acompanhada do rapper A$ap Rocky, Rihanna vestiu um casaco Fendi de 1997 da coleção de outono de Karl, entretanto, no Met gala, ela apareceu com um vestido de casamento Valentino branco, completado com uma série de jóias Cartier avaliadas em pouco mais de 24 milhões de dólares. Apesar de toda riqueza expressada, talvez a espera não tenha valido a pena. O vestido era belo mas não trazia consigo nenhuma novidade ou algum ponto de hipnotização.

Assim como em todos os anos, designers de moda e amadores discutem o peso do Met Gala no ano e o compara a edições anteriores. O Met Gala foi duramente criticado no ano de 2023, pela escolha do tema e por isso, o evento antes mesmo de começar já era alvo de críticas.

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