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A um tempo atrás pude assistir “Waves” ou “As ondas” na tradução brasileira e fui captada pela atuação de Kelvin Harrison Jr. Sua presença e densidade, dignas de atenção, me deixou em alerta à espera de novos trabalhos em que o ator se destacasse. Em Chevalier: A verdadeira história nunca contada, Kelvin Harrison mais uma vez, captou minha atenção e todo interesse em virtude da atuação marcante e posicionada. Assisti-lo em cena é acreditar que tudo é real, é sentir sua presença, é ser tocado !
Chevalier é um filme dirigido por Stephen Williams, um diretor negro e contou com o roteiro de Stefani Robinson, também roteirista da série Atlanta. O diretor e a roteirista serem pessoas negras, traz um grandioso peso para o filme já que ambos conseguem manifestar na obra, perspectivas de negros na sociedade, ainda que haja um recorte temporal de pouco mais de 200 anos. Como já estabelecido por Denzel Washington, o peso vem da cultura, ou seja, das vivências similares.
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O filme, é baseado na história de Joseph Bologne, um homem negro que se destacou nos anos de 1700 sendo excepcional na esgrima, violinista virtuoso, compositor, adepto da poesia e quase condutor chefe da orquestra de Paris. Ele era fruto de um estrupo. Seu pai, um homem branco e dono de terras e escravizados, estuprou sua mãe quando a mesma possuía 16 anos, e após o seu nascimento, de forma atípica ele o assumiu. A todo momento fica evidente o posicionamento marcante, a predominância, audacia, sagacidade e a autoconfiança de Joseph, muito bem representado por Kelvin Harrison.
Chevalier inicia com um duelo musical entre Mozart e Joseph que apesar de improvável de ter acontecido, é capaz de despertar tamanho interesse no espectador. Assim como nos dias atuais, por ser negro Joseph é vitima de racismo constantemente e não é visto com bons olhos pela sociedade. Vale ressaltar que apesar do racismo latente da época, a França não era um país escravocrata até então. E a rainha Ana Bolena, nomeou Joseph como Chevalier de Saint-George, uma espécie de cavaleiro da rainha.
Após a morte do pai, que não o deixa nenhum bem a não ser a própria mãe, interpretada por Ronke Adekoluejo como Nanon, Joseph se vê na difícil realidade entre transitar entre dois espaços. O espaço de brancos ricos que o veem como um animal doméstico ou no espaço junto a sua mãe e amigos dela que apesar de o amar, socialmente eram vistos como inferiores. São marcantes momentos em que Joseph está com brancos usando perucas brancas, comuns na época, e quando junto a família, usando trança nagô - símbolo de representatividade.
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Acredita-se que o Chevalier tenha tido um caso extraconjugal com Marie Josephine, aqui representado de forma excelente por Samara Weaving. Como Josephine era casada com um forte e leão soldado da rainha, conflitos intensos e ameaças de morte foram questões para Joseph.
À medida que Joseph se destacava cada vez mais, o clima político da França se tornava cada vez mais conflituoso. O povo estava descontente com Ana Bolena e buscavam uma revolução a partir da deposição da mesma. Nesse processo, Ana Bolena foi deposta e Napoleão se tornou o líder militar da França.
Durante a luta contra a até então rainha da França, Joseph se destacou como primeiro coronel negro em toda França durante a Revolução Francesa. Entretanto, Napoleão instituiu a escravidão nas colônias francesas e além da perseguição, Joseph foi vítima de um apagamento. Compositores e virtuosos da música e historiadores do século XXI, começaram buscas por compositores nos anos 1800 e encontraram trechos de composições de Joseph que são perfeitamente representadas no filme.
Apesar de historiadores encontrarem algumas informações sobre quem foi Joseph, muitas composições, poemas e detalhes da sua vida, infelizmente ainda estão apagadas e talvez jamais recuperadas, o que justifica o não conhecimento do violinista atualmente.
Se você se interessou, o filme de 2022 está disponível no Star+.
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